O Club Med Itaparica localizado em Conceição, município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, na Bahia, foi o primeiro resort Club Med Brasil que depois de 40 anos de funcionamento, infelizmente, fechou suas portas, curiosamente no dia 30/07/2019, um dia antes do aniversário da Cidade, além de ter sido um empreendimento que atraia muitos turistas para a cidade, era o ponto de referência para chegar até a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, santuário belíssimo, com uma construção e modelagem em forma colonial, localizada a beira-mar, que ainda representa um atrativo histórico e turístico, datado do século XVIII e preservada pelos nativos, como sendo uma preciosidade cultural, que hoje se encontra somente vestígios em ruínas.
Quem passa por lá pelas ruínas, se pode ver escritos ainda na fachada, o nome da igreja com dificuldade e a data de fundação. Pescadores antigos dizem ter sido fundada em 1776, e é essa data que se vê. Já outros, como nos conta o mestre de capoeira @luizpreto58, bastante conhecido da região, diz que a Igreja tem mais de 300 anos, foi o que escutou sempre por lá. Luiz Preto lamenta em sua página no Instagram das festas tradicionais antigas que não se tem mais, como a do dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora Imaculada Conceição. Ele comenta que no momento acredita que elas ainda vão acontecer, mas no momento está tudo parado, não está acontecendo nada, não somente devido à pandemia causada pelo coronavírus sars-Cov-2, a Covid 19, mas muito antes em Conceição já se via a dificuldade em realizar uma festa onde a galera sempre se movimentou para que os festejos acontecessem com os cortejos, onde o pessoal dava a volta pelo bairro e hoje vem decaindo cada vez mais, ficando nele essa imensa vontade em fazer algo, assim que passar essa situação de surto, para recuperar essas festas tradicionais, se tiver uma ajuda boa dos governantes também, é claro, pois há um custo e sozinho não pode bancar, mesmo com ajuda da comunidade. Segue com fé em Deus que tudo vai melhorar, em simultâneo, ao que pensa que tudo isso vai acabar, inclusive as visitas nas ruínas da Igreja e isso só vai ficar na memória dos mais antigos. O ano passado ainda foi feito o maculelê com facão, o bumba meu boi, a puxada de rede, o samba de roda e teve muita capoeira dando para muita gente participar numa boa, tranquilo, com muita resistência, porque não pode parar, finaliza o mestre.
O que falta também na cidade segundo alguns moradores, é a falta de perspectiva no que diz respeito ao resgate da memória com os restos da capela. O poder público não parece querer preservar a cultura histórica da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, e isso representa um entrave, e os próprios moradores são os que, por puro sentimento de amor pela localidade onde moram, procuram capturar as falas dos habitantes mais antigos, no que se refere a esse auxílio, em busca das memórias da Igreja destruída arquitetonicamente pelo tempo, que hoje só restam os vestígios de uma estrutura memorável, digna de ser lembrada e honrada, merecendo ser visitada sempre, observando incessantemente quão grande e verdadeiramente rica é a cultura na Ilha de Itaparica, e cabe a todos nós a busca histórica no resgate da cultura popular brasileira, na beleza de cada obra que se encontra por cada canto de muitas localidades nesse nosso país varonil.
Lembrando que existem também muitas pessoas ainda em busca de sensibilizar os governantes atuais para que ajudem a não se perder as identidades sociais dos povos da Ilha de Itaparica. Temos que observar o passado e compreender a nossa história tentando recuperar a nossa herança cultural que não são poucas, e é preciso ter essa consciência que a cultura não se limita a expressões artísticas, obras de artes, costumes, etc. A cultura envolve também as crenças de um povo, e essas ruínas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição continua firme e forte oferecendo toda estrutura no que se refere a riqueza cultural para a comunidade e toda a humanidade que for lá, fazer essa conferência
O Artigo 215 da Constituição brasileira nos informa que:
“O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.” E continua nos parágrafos:
- 1.º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
- 2.º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
- 3.º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à:
I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II – produção, promoção e difusão de bens culturais;
III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;
IV – democratização do acesso aos bens de cultura;
V – valorização da diversidade étnica e regional.
Resta saber quando vamos ter cumprindo essas leis e por qual poder executivo eleito em toda a Ilha de Itaparica? Isso nos parece ser uma incógnita ainda.
Finalizando com uma frase do grande cantor e compositor jamaicano, Bob Marley, e prometendo voltar com muitos detalhes desse Templo esquecido pelo poder público, na tentativa de regatar todo o seu teor histórico: Vamos fazer a propagação das memórias dessa comunidade, não somente de Conceição, mais de todos os cantos da Ilha.
“Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura é como uma árvore sem raízes.”
Por: Sarita Rodrigues
Fotografia: https://ilhaitaparica.com/ruinas-da-igreja-de-nossa-senhora-da-conceicao/
FONTES:
http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_15.09.2015/art_215_.asp
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